Toda vida importa! Por Luís Ernesto Lacombe


Depois de um ano, o que deveríamos ter? Mais leitos hospitalares, principalmente mais leitos de UTI. A escassez sempre existiu, e tivemos agora uma boa chance para atacar com força esse problema. Um ano… Não deveríamos ter vacinas, mas temos! Era um anseio da população, que seja atendido. Há dúvidas sobre o uso dos imunizantes em alguns grupos, há dúvidas sobre possíveis efeitos adversos no médio e longo prazo, mas livres estamos para decidir tomar ou não a vacina.

Tratamento precoce é outra história. Um ano, e o que temos? Desrespeito à liberdade médica, uma guerra contra qualquer um que preconize, nos primeiros dias de contaminação pelo coronavírus, o uso de medicamentos que não sejam antitérmicos e analgésicos. Um ano de ameaças a especialistas que entrevistei e ousam defender o tratamento precoce, o que é indicado em qualquer doença, mas não no caso da Covid-19. Esse tempo todo, e ainda estou à procura de um bom mapa das contaminações no Brasil, onde se dão com mais frequência, em que horários… lockdown… um ano disso, e não há resultados a comemorar.

Lojas de rua, de centros comerciais, de shopping centers, restaurantes, todos aqueles que seguem os protocolos não têm culpa pelo aumento no número de contaminados

Ficar em casa não adianta e é impossível para muita gente. São milhões de pessoas aglomeradas no transporte público, e o risco é real. Uma pesquisa da UFMG já apontou a presença do coronavírus no sistema de ônibus em Belo Horizonte. Qualquer estudo profundo e cuidadoso, que o período de um ano permitiria, indicaria o mesmo em qualquer grande cidade. Mais limpeza, mais desinfecção e, principalmente, mais ônibus, trens e metrô.

Infelizmente, nossos governantes nunca pareceram realmente preocupados com a superlotação no transporte público. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, preferiu reduzir a frota de ônibus, ou teria de pagar até R$ 2 bilhões em subsídios às empresas de transporte, já que o número de passageiros caiu. Considerar esse valor um investimento em saúde pública, claro, seria o correto. Sobre o comércio, lojas de rua, de centros comerciais, de shopping centers, restaurantes, todos aqueles que seguem os protocolos não têm culpa pelo aumento no número de contaminados.
gazetadopovo


Últimas Notícias